Imagem do WhatsApp de 2025-07-30 à(s) 20.36.42_9084fef0.jpg
Imagem do WhatsApp de 2025-07-30 à(s) 20.36.42_4e2a484f.jpg

Três Vendas e seu legado italiano

A localidade de Três Vendas, situada a 21 km da sede do município de Restinga Sêca, preserva a fé e as tradições ao longo dos anos, sendo também um dos importantes núcleos de descendentes de italianos no município.

Três Vendas faz divisa com as localidades de São Miguel, São Rafael, Várzea do Meio, Campo Bonito e São Sebastião, todas no Município de Restinga Sêca e também com a Vila Ceolin já município S. João Polêsine.

As primeiras famílias que se estabeleceram em Três Vendas, ainda em 1917, foram: Bolzan, Bortolotto, Casarotto, Dalmolin, Dibi, Gais, Grins, Hermes, Holschuch, Hulmann, Iop, Marquet, Martins, Michelotti, Mineto, Possebon e Rodrigues.

Além dos italianos, a localidade também recebeu famílias de descendentes germânicos, entre outras etnias, que contribuíram para a formação da comunidade que conhecemos hoje.

A gastronomia é uma marca registrada da localidade de Três Vendas, no interior de Restinga Sêca.
Entre as celebrações mais tradicionais estão a Festa de Santo Izidoro, realizada em maio e o Jantar Italiano, que há mais de 40 anos acontece no segundo fim de semana de agosto.
Esses eventos mantêm viva a cultura e os sabores herdados dos imigrantes italianos, reunindo famílias e visitantes em torno da fé, da tradição e da boa comida.

Vale ressaltar também o que território de Três Vendas, sempre pertenceu à Restinga Sêca desde a época que Restinga ainda era quarto distrito de Cachoeira do Sul continuou sendo parte do nosso município após a emancipação em 1959, tornando-se uma localidade de Restinga Seca em pleno desenvolvimento.

Do Novo Mundo a Três Vendas!!!
A área do atual território de Três Vendas, não pertencia à Colônia de Silveira Martins. As terras eram de propriedade particular e pertenciam ao senhor Miguel Martins, dono de uma vasta área que se estendia desde a atual cidade de São João do Polêsine até as proximidades de Restinga Sêca.
A colonização de Três Vendas deve-se, em parte, por q aos descendentes de imigrantes italianos residentes em Silveira Martins e Vale Vêneto. Os lotes destinados aos imigrantes italianos tornaram-se insuficientes para abrigar as famílias que se multiplicavam rapidamente. Era necessário procurar terras para as novas famílias que se formavam. A solução encontrada foi comprar terras particulares em lugares não muito distantes das propriedades que já possuíam. São Miguel, Três Vendas e adjacências foram os locais preferidos para a aquisição de novas propriedades. Adquiriram, com recursos próprios, lotes desmembrados da propriedade do senhor Miguel Martins.
Os descendentes de imigrantes alemães também contribuíram para a formação do povoado de Três Vendas. Provinham da Colônia Santo Ângelo, atual Agudo. Essa colônia foi criada por Lei Provincial em 30 de novembro de 1855. Professavam a religião protestante, mas um número considerável pertencia ao credo católico. Esses últimos, em menor número, resolveram procurar novas terras. O "Novo Mundo", como era denominado Três Vendas, foi um dos lugares escolhidos.
A religião facilitou o entrosamento entre os descendentes de alemães e italianos. Com o crescimento da localidade, surgiu a ideia de criar uma capela. A iniciativa teve o apoio dos dois grupos, mas, devido à formação religiosa herdada dos antepassados italianos, coube aos descendentes itálicos levar adiante a ideia com maior entusiasmo. Para esse povo, a religião era fundamental em suas vidas e não podiam viver sem a casa de Deus para suas reuniões e devoções.
O grande impulso para a construção da capela, além do desejo da população, foi a vinda dos padres palotinos para a Quarta Colônia. Foram eles que deram assistência espiritual aos descendentes de imigrantes italianos e estenderam sua ação a povoados de descendentes germânicos, como Agudo e outros.

A Capela do Padroeiro Santo Isidoro

Os desafios ao zelo missionário eram duros e permanentes. Os padres palotinos, em pouco tempo, penetraram em regiões inóspitas e fizeram surgir belas e imponentes igrejas. Conseguiram suavizar o triste viver dos colonos, assegurar-lhes a salvação eterna, incentivar a prática da religião e promover o progresso da região.
Três Vendas recebeu migrantes da Quarta Colônia, principalmente de Vale Vêneto. As terras do Vale já não eram mais suficientes para abrigar a todos. As famílias, cada vez mais numerosas, começaram a migrar na esperança de um futuro mais promissor. São Miguel e arredores passaram a acolher inúmeras famílias de imigrantes italianos e seus descendentes. As terras eram férteis, planas e de fácil aquisição. Três Vendas foi um dos lugares procurados por aqueles que buscavam terras produtivas. A área pertencia ao senhor Miguel Martins, que, fascinado pelo dinheiro fácil, se desfazia de lotes por preços, muitas vezes, irrisórios.
Além de italianos e seus descendentes, Três Vendas também acolheu colonos alemães, principalmente da Colônia Santo Ângelo (atual Agudo). A área onde hoje se situa Três Vendas era formada por campos e matas. As moradias não tardaram a ser construídas, algumas estradas foram abertas e, aos poucos, surgiu o povoado que recebeu o nome de Mundo Novo.
O crescimento da população impulsionou a expansão comercial. Casas comerciais, necessárias ao fornecimento de alimentos e vestuário à população, logo começaram a surgir. Em pouco tempo, o povoado contava com três estabelecimentos voltados ao comércio, conhecidos como “vendas”. Daí surgiu o nome TRÊS VENDAS.
A ideia de construir um templo religioso, onde o povo pudesse se reunir, fazer suas preces e realizar encontros comunitários, não tardou a surgir. A localidade era visitada por padres de Vale Vêneto, que levavam os últimos confortos da religião aos enfermos e benziam as casas, mas as missas só eram celebradas em São Miguel, Vale Vêneto, Ribeirão, Polêsine ou Dona Francisca.
Uma comissão local reuniu-se com o padre João Iop e sugeriu a construção da capela. O padre João, nascido no Barracão de Val de Buia em 19 de maio de 1878 e falecido em 1936, acolheu com entusiasmo a proposta. Tinha fortes vínculos com a população local, em primeiro lugar pela descendência italiana e, em segundo, pelo parentesco com várias famílias da localidade.
A pedra fundamental foi lançada no dia 17 de maio de 1917. Foi um dia festivo: a alegria estava estampada no rosto de cada habitante. As famílias, em sua totalidade, dirigiram-se ao local, assistiram a uma missa campal e à bênção da pedra fundamental da futura capela. Ao meio-dia, um grande almoço de confraternização marcou o momento.
A construção do templo foi demorada. Os poucos recursos e a dificuldade em conseguir “matoni” (tijolos) foram os principais obstáculos à execução da obra. Os tijolos eram fabricados com barro: enchiam-se moldes de madeira, socava-se o barro, alisava-se e, depois, retirava-se o molde, deixando o tijolo secar ao sol. O barro era amassado com os pés. Apesar das dificuldades, o desejo de ter uma capela superou tudo. Famílias inteiras — ou, ao menos, um de seus membros — deixavam suas lavouras para auxiliar na construção. Campanhas eram organizadas para arrecadação de fundos. Promoções de todos os tipos ocorriam aos domingos, e todo o lucro era destinado à obra. Enfim, tudo girava em torno da capela.
Todo esse sacrifício foi recompensado com a inauguração do novo templo em 15 de maio de 1922. Com a bênção da capela, nascia oficialmente uma nova comunidade relativamente importante. Pode-se afirmar que Três Vendas nasceu nessa data. A capela tem como padroeiro Santo Isidoro, protetor dos agricultores.
Em 1926, essa capela, juntamente com a de São Miguel, passou a integrar a nova Paróquia São Bonifácio, em Agudo. Com a criação da Paróquia São João Batista de São João do Polêsine, em 26 de agosto de 1971, a Capela de Santo Isidoro passou a estar sob a jurisdição da nova paróquia.

Pesquisas da comunidade de Três Vendas, publicado por Gustavo Bisognin

Comentários