A Revolução de 1923 através das lentes da fotografia
Em alusão ao centenário do Movimento Revolucionário de 1923, tema deste ano do Movimento Tradicionalista Gaúcho, envio imagem do quadro intitulado “Pro Paz Movimento Revolucionario 1923”. Este quadro é integrante do acervo do Memorial da Família Silveira, situado na localidade de Jacuí/RS, fundado pelo arquiteto e advogado Carlos Edison Araújo da Silveira e pela engenheira civil e historiadora Maria Cristina Estima da Silveira. O quadro foi pertencente a professora Jovita Silveira, tia de Carlos Silveira, que lecionou a partir da década de 30, no Grupo Escolar local, atual Escola Estadual de Ensino Fundamental Marcelo Gama localizada em Jacuí. A localidade de Jacuí foi pertencente ao município de Cachoeira do Sul/RS até 1959, atualmente pertence ao município de Restinga Seca/RS. Conforme registro no quadro, ele foi editado no estúdio fotográfico “Photo Popular”, localizado na Rua Marechal Floriano nº 130 – Porto Alegre, com “Lithographia Hirtz & Irmão”. O estúdio era de propriedade do fotógrafo Carlos Gatti e funcionou nesse local de 1924 a 1927, após essa data transferiu-se para outro endereço (Anais do Museu Paulista. v. 14. n.1. p. 268. jan.- jun. 2006). Trata-se de um quadro grande, colorido, formado por 35 fotoretratos das lideranças oposicionistas da guerra civil e dos personagens importantes no estabelecimento da pacificação do estado e com um desenho do mapa do Rio Grande do Sul e sobre ele um gaúcho com lenço vermelho, segurando a bandeira do Brasil e montado à cavalo. A edição, circulação e consumo do quadro, sugerem um conjunto de informações da época, como o interesse do público rio-grandense pelos aspectos do movimento revolucionário e seus efeitos na sociedade e política do Rio Grande do Sul da Primeira República. Demonstrado por sua circulação, ao extrapolar a cidade de Porto Alegre e chegar na localidade de Jacuí, localizada na região central do RGS, através da professora Jovita Silveira. Destaca-se que, enquanto artefato visual, é criador e propagador de determinados imaginários de um dado período histórico (Anais do Museu Paulista. v. 14. n.1. p. 263. jan.- jun. 2006) e, neste caso, imaginário político-social. O movimento revolucionário, deflagrado em janeiro de 1923, tinha a liderança de Joaquim Francisco de Assis Brasil, apoiado pelos “maragatos” que usavam lenços vermelhos, em reação, à reeleição de Antônio Augusto Borges de Medeiros para o quinto mandato de “presidente do estado” (atualmente denomina-se governador), apoiado pelos “chimangos”, de lenços brancos. A guerra civil prolongou-se até dezembro do mesmo ano, quando foi encerrada com a assinatura do Pacto de Pedras Altas. Pelo acordo, Borges de Medeiros pode ficar até o final do seu mandato, 1928, porém a Constituição Estadual de 1891 foi alterada, vedando novas reeleições e a indicação de “intendentes” (prefeitos) e do “vice-presidente do estado” (vicegovernador).
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