As relações sentimentais são processos evolutivos para edificação da felicidade, muitos chamam de “alma gêmea” o encontro da pessoa que lhe completa. Entretanto, o encontro desta outra metade não se dá somente pela vontade, mas principalmente pelo influxo vibracional.

Há dois fatores que devemos diferenciar nesta análise. A questão relacionada aos sentidos que diz respeito à paixão corporal. E a condição espiritual ou afinidade de pensamento relacionada ao amor.

A primeira, embora intensa, não é duradoura, causa unicamente impulsividade e atração. A própria origem do termo paixão significa sofrimento, pois por onde ela passa, não raras vezes, deixa um rastro de dor e arrependimento. Não por acaso, o termo religioso “Paixão” é usado para explicar todos os tormentos sofridos por Nosso Senhor Jesus Cristo em sua crucificação.

Amor e paixão são sentimentos intensos, mas distintos. O amor está muito além das aparências, é aliado da lucidez equilibrada. Os valores mudam e aquele sorriso encantador é apenas coadjuvante da “beleza interior”, visto que esta percepção não se dá pelo uso dos sentidos, é uma conexão de identificação vibracional que se complementam para evolução conjunta. Uma compatibilidade genética espiritual, como uma transfusão de sangue, onde apenas o fator RH semelhante irá ser aceito. 

Na viabilidade deste “encontro”, há ainda por considerar nossa vida pretérita. O processo reencarnatório tende a se repetir e as pessoas a se reencontrarem, pois as qualidades se identificam. Desta forma, o encontro da pessoa “certa” se dá inicialmente em espírito. Então, quando os corpos novamente se aproximam, os laços tendem a se fortalecerem e a força desta atração se torna irresistível, uma vez que guardam em seu íntimo reminiscências de tudo aquilo que a outra pessoa considera importante e, mais uma vez, se unem e reconstroem seus sonhos dando continuidade a história que tiveram. 

Esta tendência de repetição irá prevalecer até que, aos poucos, serão lapidadas as compulsões, fazendo surgir valores menos individualistas, as discussões e o egoísmo de nada importam, pois o que era dois agora é um, ligados harmoniosamente pelo amor, que jamais irá lhes desligar. Assim, o encontro da alma gêmea não se dá de forma mágica, mas através de uma construção vivencial histórica.

Estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de separar as “almas gêmeas”. 

Mauro Falcão
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