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Pacaraima: um restinguense no centro do “vulcão”

Pacaraima: um restinguense no centro do “vulcão”

Por Elaine dos Santos, Professora Doutora em Letras/UFSM

Pacaraima é um município brasileiro situado no extremo norte do país, no estado de Roraima. Conhecida como “Polo Norte de Roraima”, por suas temperaturas baixas, devido à altitude, Pacaraima faz fronteira com a Venezuela, distante cerca de 1300 km por via rodoviária de Caracas, capital daquele país.

Nos últimos meses, o município brasileiro tem figurado com reiterada frequência nos noticiários porque se tornou ponto de parada e/ou passagem diária de centenas de venezuelanos que fogem da fome em seu país de origem. A estimativa, hoje, é que cerca de 800 cidadãos daquele país estejam chegando ao Brasil por via terrestre, via Pacaraima, diariamente: com fome, cansados, eles trazem apenas o que conseguem carregar. Pressionados, particularmente, pela fome pessoal e de seus familiares, muitos venezuelanos têm sido acusados de furtos e arrombamentos de residências, conforme informam as grandes agências de notícias. Evidentemente, a própria polícia reconhece que há brasileiros se valendo da situação calamitosa e que eles também cometem furtos e arrombamentos. Diante deste quadro, instaurou-se a insegurança entre os habitantes do local e a televisão trouxe-nos, recentemente, as imagens dos confrontos na cidade. 

Heldson Machado, restinguense, filho de Albanir (Niro, “in memorian”) e Neida Machado, reside em Pacaraima, desde 2008, onde atua como servidor público e, junto com a família, possui um estabelecimento comercial. Por telefone e via mensagens pelo aplicativo whatsapp, ele mantém a família e os amigos informados. Os relatos dão conta de uma cidade em estado de calamidade: há sofrimento entre os venezuelanos e os brasileiros; há aproveitadores entre os venezuelanos e os brasileiros. 

Segundo Heldson, a cidade que já tinha os seus problemas, típicos de uma cidade brasileira, agora, enfrenta outros decorrentes do grande fluxo de emigrantes venezuelanos que adentram o país todos os dias: falta abrigos para eles – o que determina a existência de muitos moradores de rua, pessoas desabrigadas ao relento; falta de condições de atendimento alimentar, de saúde e isso tem levado a um quadro de extrema instabilidade e insegurança. De um modo geral, os moradores de Paracaima procuram proteger-se; as casas e os estabelecimentos comerciais são fechados ao final da tarde, não há movimento à noite pelas ruas, mas, mesmo durante o dia, tanto brasileiros, quanto venezuelanos não respeitam os limites da lei. Heldson considera que a região tornou-se um caldeirão prestes a explodir, o que exige providências imediatas das autoridades brasileiras para o bem-estar dos cidadãos de Pacaraima e, por uma questão humanitária, das pessoas que vêm da Venezuela em busca de esperança no Brasil. 

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