Sandoval Pohlmann, um restinguense na Itália na Segunda Guerra Mundial
A Semana da Pátria deste ano tem como tema Estadual a Força Expedicionária Brasileira e a participação dos Gaúchos na Segunda Guerra Mundial.
O restinguense, Sandoval Pohlmann, foi um, entre os quase 25 mil brasileiros, conhecidos por pracinhas, enviados para a Itália, a frente única da América do Sul nos campos de batalha da Europa durante a Segunda Grande Guerra.
Pracinha, um diminutivo de praça, ou soldado raso, foi o termo carinhoso adotado pela imprensa e a população da época para se referir aos homens que embarcaram rumo ao desconhecido no grande desafio da FEB, Força Expedicionária Brasileira.
A professora, Sonia Pholmann Bolzan, filha do Pracinha Sandoval Pohlmann, conhecido em Restinga Sêca por Nenénzinho, nos contou um pouco da história de seu pai.
Segundo Sonia, Sandoval tinha entre 20 e 21 anos quando foi convocado pelo Exército Brasileiro para ir à Itália em setembro de 1944. “Ele foi na chamada segunda leva de soldados para lá. Saíram de Restinga, que ainda pertencia a Júlio de Castilhos naquela época, com destino a Santa Maria. Lá, eles pegaram o trem até o Rio de Janeiro”, conta a professora.
“Lembro dele contar que desfilaram na Avenida Rio Branco em Santa Maria, em destino a estação de trêm, e que a sensação que ele tinha era de tanta emoção, que ele brincava que estava arrepiado até os cabelos que o cap que usava ficava alto na cabeça, pois era um misto de emoções por ir sem saber se iam voltar”, completa Sônia.
No Rio de Janeiro, os soldados embarcaram em um navio americano que estava a aguardar. Foram cerca de 15 dias de viagem em alto mar, até chegar na cidade de Nápoles, na Itália, onde desembarcaram e já se depararam com verdadeiras cenas de guerra e destruição.
“Ao chegar lá, meu pai por ser alto, foi designado como Policial Militar e tinha a missão de guarda, ou seja, de cuidar e prevenir a invasão de inimigos”, comentou.
“Quando eles foram para lá, houveram várias pessoas que falavam ‘Mas nem que a cobra fume que esses brasileiros vão fazer alguma coisa lá’, ou ‘Vão todos morrer’ e o símbolo da FEB, é uma cobra fumando um cachimbo, pois eles foram, alguns infelizmente morreram, mas a grande maioria não, e auxiliaram no fim da Guerra, fazendo história, não só no Brasil, mas no mundo”, conta, orgulhosa, Sônia.
Em maio de 1945, ao fim da Segunda Guerra Mundial, diversos soldados retornaram para suas casas. “Minha avó contava que todos os dias ela subia na coxilha para olhar ao longe e ver se o filho já vinha voltando, e quando ele realmente voltou, foram três dias e três noites de muita festa”, afirma Sônia.
Quando questionada sobre as histórias que seu pai contava, Sônia relembra que a mãe sempre comentava para que ela, e o irmão, não perguntassem tanto sobre os acontecimentos na Itália, pois durante a noite seu pai costumava a ter pesadelos com as lembranças da Guerra. “Ela dizia que ele se debatia a noite toda e acordava falando sobre tiros e bombas”.
Sandoval Pohlmann faleceu em 1975, aos 55 anos, vítima de um câncer, mas deixou sua marca na história de Restinga Sêca e no mundo. “Hoje em dia é muito orgulhoso pensar que meu pai ajudou a proteger, não só o país, mas o mundo”, finaliza a professora.
Para ouvir a entrevista completa, basta clicar aqui
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