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Foto: Rádio Porta Voz

Corrida para o lixo

Estava voltando de uma importante reunião. Pensativo, dizia comigo mesmo: no mundo existe muita gente responsável. Há pessoas doadas ao próximo. Hoje vi um senhor de 80 anos, preocupado com os catadores. Ele falou a uns cinquenta catadores da necessidade de se associarem. “A associação, dizia ele, é para o vosso bem. E para defender os vossos direitos.” E os catadores bateram palmas. Mais uma vez a força fez a união. E eu ia pensando nesta maravilhosa ação quando me deparei com uma senhora catando no lixo. Andava de container em container da cidade. De lixeira em lixeira. Catando o quê? Restos de comida. Legumes misturados com arroz, rolhas e garrafas. Separava os restos de laranjas, dos legumes e arroz. Perguntei: “O que é que a senhora está fazendo?” Respondeu-me: “Estou catando comida”.

Já era noite. As lâmpadas começavam a iluminar as ruas. E a senhora me disse: “Devo ainda voltar para casa e alimentar meus filhos”. Catar, procurar comida nas lixeiras e containers. Missão humilde. Trabalho humilhante e degradante. Mas é assim que esta senhora consegue o seu pão. Uma mãe de família. E lá se foi ela pela cidade. Percorrendo muitas ruas e avenidas. Esmolando restos. Restos de arroz. Restos de legumes. Legumes e arroz para os filhos.

Amigos: há mães necessitando de nós. Há milhares de pobres necessitando de nós. E junto a esta senhora estavam os cachorros. Pessoas e animais dependendo do lixo para poder sobreviver. Ela separava pedaços de pão entre os detritos, não examinava, nem cheirava. Engolia-os com voracidade. E jogava os ossos para os cães. Ela ingressou no interior do container na podridão, na imundície. Para voltar para casa com alguns alimentos deteriorados, estragados, fermentados e sujos.

Senhor é a corrida para o lixo. Isto nos entristece e nos desumaniza. Cachorros e pessoas numa disputa pela sobrevivência. Pobres animais! Pobres pessoas! Reflitamos um pouco; pensemos. É a miséria perambulando em nosso meio. Enquanto algumas mãos estão cheias de joias, alianças, braceletes e pulseiras, outras estão cheias de lixo, moscas e sujeira. Ambas as mãos sendo humanas.


por  Renato Dutra Pereira - Graduado em Gestão Ambiental

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