Uma sugestão de leitura: “Quatro negros”

A história é verídica, narrada, depois, em forma de novela (mais longa que um conto, mais curta que um romance). Um escritor consagrado, professor, jornalista, chega a uma escola na periferia de uma cidade da grande Porto Alegre para uma palestra durante a feira do livro da escola. Apresentam-lhe Claudéti, uma funcionária, que é encarregada de atender-lhe: água, lanche etc. Alguém acompanha-os e passa a contar a história de Claudéti. O escritor, de volta a sua rotina, decide contar ao mundo tudo que ouviu e Claudéti torna-se Janéti nas teclas do computador do professor Luís Augusto Fischer. Nasce, assim, “Quatro negros”.

Janéti era filha de um casal de negros, primos entre si, muito pobres, residentes numa cidade secundária do interior do Rio Grande do Sul. Quando a menina nasceu, ela foi dada em adoção, mas voltou para casa. Houve uma segunda tentativa de entregá-la para uma família, um casal de idosos, mas Janéti regressou ao miserável lar dos seus pais, que sem muita determinação diante da vida e dos desígnios da filha, deixaram-na ficar. Ela acompanhou o nascimento dos irmãos e a triste sina que lhes acompanhava: nascerem e serem entregues para terceiros.

Numa certa manhã, os pais com o sexto ou sétimo ou oitavo filho nos braços esperavam o ônibus que os levaria para a região metropolitana, sentiam-se aliviados porque, desde a noite anterior, Janéti havia desaparecido, consideravam que era uma boca a menos para alimentar na nova jornada que empreenderiam na cidade estranha, onde seriam abrigados por uma parente distante...Janéti, porém, que não perdera contato com os irmãos, surgiu resoluta, trazendo-os pela mão, um a um. Não era exatamente uma família de sangue, era uma família de amor, uma família composta pelo imenso amor que Janéti nutria por todos.

Ah, o título refere quatro negros e eu só mencionei Janéti! A leitura da obra permite saber mais sobre Janéti e as suas filhas, mas também propicia conhecer Ailton/Jorge, Rosi/Rosa e o fascinante Seu Sinhô.

Boa leitura! Não se trata de uma obra cuja aquisição pode ser considerada cara, até porque, em sebos virtuais, ela pode ser adquirida por preços irrisórios.

Professora Elaine dos Santos

Doutora em Letras (área de concentração Estudos literários)