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Uma ópera em Restinga Seca: “O quatrilho”

                                                                                                                                                                                                                           Por Profa. Dra. Elaine dos Santos

Na sexta-feira, dia 03 de agosto, Restinga Seca assistiu, no auditório da Antonio Meneghetti Faculdade (AMF), no Recanto Maestro, à apresentação da ópera “O quatrilho”, uma composição do maestro Vagner Cunha, com libreto de José Clemente Pozenato, autor do romance “O quatrilho”, que já fora levado ao cinema por Fabio Barreto.

Dividida em dois atos, a ópera “O quatrilho” tem a Produção Artística da Bell’Anima Produções e Produção Executiva da Branco Produções, iniciou as suas apresentações em Porto Alegre, no Teatro São Pedro e segue a sua turnê pelo interior do estado, contemplando cidades como Bagé, Pelotas e Passo Fundo.

No papel da sonhadora Teresa encontra-se a consagrada soprano Carla Maffioletti, conhecida internacionalmente por suas apresentações, por exemplo, com o músico André Rieu. Como a pragmática Pierina, tem-se a também soprano Maíra Lautert, numa soberba apresentação. Os principais papéis masculinos, Ângelo e Mássimo, cabem, respectivamente, ao tenor Flávio Leite, já conhecido por apresentações anteriores na AMF, e o barítono Daniel Germano. Os diálogos em português são entrecortados por passagens de canto lírico, em italiano, língua tradicional da ópera, que aparecem traduzidas ao lado do cenário – que, surpreendendo a muitos, não apresenta uma gigantesca super produção! A regência da orquestra fica a cargo do renomado maestro Antonio Borges-Cunha.

A temática da obra, presente no romance, no filme e que se repete na ópera, é a eterna dualidade entre o pragmatismo e o desejo de enriquecer versus o idealismo e a entrega sem freios ao amor, desprovido da noção de pecado. A ironia, que José Clemente Pozenato reconhece ter aprendido em suas leituras da obra de Machado de Assis, e que está muito presente em seu romance, fica escrachada, objetiva e diretamente na montagem operística, na figura de tia Gema – embora apareça em outros trechos não tão bem delineada, requerendo maior acuidade do espectador.

Foi, sem dúvida, uma grande experiência para quem esteve presente. Afinal, não é uma recorrência assistir-se a um espetáculo de ópera em nossa região e isso pode ser atestado pela presença de vans e ônibus de excursão de Santa Maria e Cachoeira do Sul, em particular.

Nota: As fotos que ilustram esta matéria estão disponíveis na página oficial da “Ópera O quatrilho” em https://www.facebook.com/operaoquatrilho/

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