25151351_104762_GD.jpg
Essa espécie é rara, e se alimenta de sangue de animais foi encontrado no interior de Restinga Sêca. Foto: André Witt/Governo do Estado
25151343_104740_GDO.jpg
A propriedade rural, onde o animal foi localizado, fica na Vila Rosa. Foto: André Witt/Governo do Estado

Espécie inédita de morcego que se alimenta de sangue animal é encontrada no interior de Restinga Sêca

Em uma publicação no periódico científico Notas sobre Mamíferos Sudamericanos, da Sociedade Argentina para o Estudo de Mamíferos (Sarem), foi encontrado por técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) pela primeira vez no Rio Grande do Sul, a presença de exemplares de Diaemus youngi, uma espécie de morcego hematófago, ou seja, que se alimenta de sangue.

“O que se tem registro dessa espécie é somente até o Paraná, nem em Santa Catarina havia o registro, então foi algo que causou surpresa para nós ”, disse analista ambiental André Witt.

Foram três animais da espécie foram capturados em janeiro de 2019, em uma propriedade rural na localidade de Vila Rosa, interior de Restinga Seca, sendo o primeiro registro no Estado, e só foi divulgado pela Secretaria na sexta-feira (26). Até então, o Rio Grande do Sul havia documentado a presença de apenas uma espécie de morcego hematófago, o Desmodus rotundus.

O coordenador do Programa de Controle da Raiva Herbívora da Seapdr, Wilson Hoffmeister, explica que a espécie encontrada se alimenta de sangue de aves silvestres e galinhas criadas soltas (chamadas crioulas, caipiras ou coloniais) e, portanto, não transmite raiva, como é o caso da espécie mais comum no Estado, Desmodus rotundus.

“A Diaemus youngi pode transmitir doenças para aves, mas é difícil que consiga contaminar aves comerciais, criadas em galpão, porque esses espaços são telados justamente para evitar isso”, avalia.

Wilson frisa que não há nenhuma evidência científica de que a nova espécie propague a raiva herbívora.

“É uma descoberta importante, mas não nos preocupa no combate à raiva. Descobrir essa espécie no Rio Grande do Sul pode, por exemplo, explicar a disseminação de doenças em aves que não tinham explicação lógica até o momento”, pondera.

Para evitar qualquer tipo de contágio, Witt faz uma recomendação a produtores de galinhas e angolistas.

“O ideal é que elas sejam resguardadas no período noturno em galinheiro fechado com telas de diâmetro reduzido, tipo passarinheiras, com o objetivo de impedir o ataque por morcegos hematófagos”, detalha.

Após a publicação do artigo, novos espécimes de Diaemus youngi também foram encontrados na região das Missões.

Comentários