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Onde está o dinheiro?
Onde está o dinheiro?
Heitor Schuch, deputado federal
O que mais temos visto nos últimos tempos são placas de vende-se e aluga-se e um grande número de empreendimentos pequenos e médios sendo fechados sob o argumento da crise econômica e financeira que o país atravessa. Os relatos de que o dinheiro sumiu são recorrentes e isso está retardando a retomada do crescimento.
Mas se o dinheiro está escasso em todos os lugares a pergunta que se coloca é: Onde ele foi parar? Por acaso alguém viu algum caminhão lotado de cédulas sendo despejado em alguma fornalha, ou sendo destruído? Eu pelo menos não tenho nenhuma notícia sobre isso. Portanto, pelo menos o mesmo volume de dinheiro que estava circulando nos últimos três anos continua em movimentação e acrescido do aumento do Produto Interno Bruto – PIB, que se estima em 2019 seja próximo a 1%. O que é muito baixo para podermos alavancarmos novos investimentos.
Logo, o dinheiro não desapareceu, o nosso PIB, depois da queda verificada em 2015 e 2016, lentamente voltou a crescer, e o dinheiro deveria estar circulando possibilitando que as pessoas voltassem a investir, em especial os micro e pequenos empreendedores, o desemprego reduzisse e as pessoas tivessem maior poder de consumo.
O que se verifica, no entanto, é que o dinheiro está trocando de mãos, e se concentrando cada vez mais. Estamos entre as 10 nações com o maior PIB do planeta, mas quando verificamos a renda média da população constatamos que o Brasil ocupa a vergonhosa 62ª posição. Segundo dados levantados recentemente nosso PIB em 2019 será de R$ 6,8 trilhões e 80% dos R$ 6,8 bilhões que o país deverá crescer serão apropriados por menos de 5% da população brasileira.
Isso fica evidente quando analisamos o Orçamento Geral da União para 2020, que será de R$ 3.687.212.175.403,00, destinando R$ 1.651.383.750.673,00, que corresponde a 44,79% do Orçamento, para pagamento de juros da dívida. Praticamente todas as demais áreas de governo tiveram redução em relação a 2019. A agricultura ficará com R$ 11,3 bilhões, a educação com R$ 101,2 bilhões e o Ministério da Cidadania com R$ 96 bilhões.
Isto significa que estes três ministérios perderão mais de 12% do orçamento de 2020 comparado com 2019. O Ministério da Saúde terá o reforço de caixa de R$ 62 bilhões, o que significa a metade do que determina a Constituição Federal. Mas para pagamento de juros o governo aumentou o valor em 16,11%, que significa um aumento de R$ 229,2 bilhões em relação ao que vais ser gasto neste ano.
Hoje, 70% de todas as aplicações dos grandes bancos e dos grandes poupadores não são direcionadas para o processo produtivo e sim em títulos do governo. O dinheiro que falta na saúde, educação, agricultura e aposentadoria está sendo canalizado para a camada mais rica da população.
Nosso desafio é mudar este quadro, desconhecido da maioria e omitido por todos os meios de comunicação. Mas é um dogma que precisa ser quebrado. Eu sou uma voz quase solitária da Câmara dos Deputados bradando por uma auditoria desta dívida pública, para que o dinheiro pare de ser aplicado na especulação bancada pelo próprio governo e volte ao processo produtivo, para o bem do Brasil.
Informações: Assessoria de Imprensa
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