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Como o mundo comemora o Natal 

Como o mundo comemora o Natal 

Quando a equipe do jornal discutiu a pauta para o especial de Natal, dei-me conta que as pessoas, de um modo geral, imaginam o Natal como algo uniforme em todos os lugares do mundo e isso é uma premissa falsa. Pensei que há muitos restinguenses que vivem ao redor do mundo e que muitos deles poderiam dar um testemunho sobre as suas experiências, por outro lado, um dos grandes ganhos de uma pós-gradução em nível de doutorado é a sua interlocução com pesquisadores que, ao longo do tempo, transferem-se para outros países, fazem as suas carreiras fora do Brasil e eu também pedi para essas pessoas que contassem um pouco das suas histórias natalinas. Vieram pérolas, coisas que até mesmo eu desconhecia. Acompanhem nas próximas páginas. Espero que os senhores gostem!
Professora Elaine dos Santos, organizadora.
 

AUSTRÁLIA – Gabriel Radiske, farmacêutico formado pela UFSM em 2016. Viveu um ano e seis meses na Austrália, tendo estudado na “The University of Western Australia”, cujo “campus” principal situa-se na cidade Perth, capital do estado Austrália Ocidental. Participou de dois cursos. No primeiro deles, houve um aperfeiçoamento quanto ao emprego da língua inglesa para fins acadêmicos e, na sequência, um curso relacionado à área de biologia e bioquímica. 
O povo australiano, na minha “visão de estrangeiro”, assemelha-se muito com o povo do Sul, o povo “das colônias”. A maioria da população costuma autoproclamar-se inglesa, alemã, irlandesa ou qualquer outra ascendência europeia. Dificilmente, encontra-se alguém que diga “I am Australian”, sem acrescentar a origem dos seus ancestrais ou falar da sua segunda cidadania (essa bem menos burocrática de se conseguir do que a dos “gaúchos europeus”).
Os australianos assemelham-se aos brasileiros nos quesitos hospitalidade e alegria de viver, valorizam as relações interpessoais e são bem mais receptivos que os britânicos, que colonizaram aquele pedaço do planeta. Tive um contato muito grande com um povo marginalizado por lá, os descendentes aborígenes do povo Noongar e pude aprender um pouco sobre a cultura deles, as suas crenças. A Austrália também é bastante povoada por povos asiáticos, alguns cultuam o Natal, outros não, depende muitos de seus países de origem e como e quando foram “encontrados” pelo cristianismo.
Quanto ao lado “cristão” do Natal na Austrália, posso dizer que é aguardado com muita festa e alegria, as ruas são enfeitadas, carregadas de luz e ornamentos, as casas são preparadas com pinheirinhos, pisca-pisca e a famosa bota do Papai Noel na lareira. É um Natal bastante capitalista, as lojas fazem muitas promoções e Santa Claus aparece das formas mais variadas possíveis, seja pilotando um trenó com cangurus ou segurando uma prancha de surf e usando bermudão “made in Austrália”. Tudo isso para alavancar as vendas. Um dia depois do Natal, as lojas fazem mais uma mega promoção, chamada de “Boxing day”, em que as lojas oferecem os seus produtos com grandes descontos (com uma “Black Friday”). 
O meu primeiro Natal no exterior foi em Perth, onde sempre ocorre uma Parada, com apresentações de grupos culturais variados e uma multidão acompanhando calorosamente o desfile que se estende por algumas horas. À noite, no dia 24, enquanto os adultos trocam presentes, as crianças são agraciadas pela visita do Papai Noel, que traz os seus mimos e os presentes tão aguardados. Durante o feriado do dia 25, normalmente, o pessoal encontra-se para um piquenique à beira do Swan River ou no Kings Park, onde é possível ter uma vista deslumbrante da cidade. Esses encontros costumam durar o dia inteiro e são finalizados na praia com “aquele” banho de mar (as águas são lindas e límpidas, porém super geladas).
Já nos meus últimos momentos em terra estrangeira, pude acompanhar os preparativos de Natal em Sydney. Lá, durante o mês de dezembro, ocorrem apresentações artísticas e projeções holográficas que tornam a Catedral de Santa Maria um lugar especial, não que não seja uma obra magnífica de ser admirada mesmo sem as projeções. Dentro da igreja, é proibido o uso de celulares e câmeras fotográficas, mas garanto que foto nenhuma se compara a lembrança da magnificência daquele lugar. 


 

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