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Iberê Camargo: um ícone restinguense

No dia 18 de novembro de 1914, ali, pertinho da sanga da Restinga, uma criança vinha ao mundo destinado a ser um grande e renomado pintor do Modernismo brasileiro, com obras espalhadas pelo mundo.

Iberê Bassani de Camargo expôs os seus trabalhos em bienais no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Nova Iorque, em Tóquio, em Londres, em Paris, em Milão, ou seja, no grande circuito internacional de arte, que só percorrem os grandes e renomados artistas. Em todos os lugares quando alguém, mais desavisado, dizia que ele havia nascido em Santa Maria, pela proximidade, ou em Cachoeira do Sul, por uma questão legal (no ano de 1914, Restinga Sêca era ainda Quarto Distrito de Cachoeira), Iberê reagia imediatamente e exigia que o erro fosse corrigido. Ele fazia questão de registrar o berço do seu nascimento; a terra em que os seus pulmões, pela primeira vez, sorveram oxigênio; o chão em que o seu umbigo ficou depositado: Restinga Sêca.

Reza a lenda que o menino, ainda em Restinga, costuma fazer desenhos com pedaços de carvão que os trens despejavam no pátio da estação, o certo é que, com 14 anos, ele começou os seus estudos formais em arte em Santa Maria, na Escola de Artes e Ofícios. Seguiu depois para Porto Alegre, dali para o Rio Janeiro e, aos 34 anos, ganhou a Europa, estudando na Itália e na França em escolas dirigidas por pintores reconhecidos nos dois países.

Ainda que se possa observar certa variedade de temas em suas obras, três fases sempre são destacadas: os carretéis, geralmente, associados à infância em Restinga; os ciclistas e, finalmente, criaturas amorfas, que ele denominou “idiotas”. Essas pinturas variam em cores e tons, retratando um pouco do ser humano Iberê, o marido da Maria Camargo, o casal que não teve filhos. Hoje em dia, a Fundação Iberê Camargo mantém, em Porto Alegre, um museu em que são expostas algumas obras do artista, em caráter rotativa, assim como é aberto espaço para novos ou para velhos e consagrados pintores da arte nacional.

Penso que Restinga deveria ser muito grata a Iberê, que a projetou mundo afora, assim como Iberê foi grato a Restinga. Há um painel na Organização Mundial da Saúde, na Suíça, presente do Brasil àquele órgão que leva a assinatura do artista, que leva Restinga para tão importante espaço e, ao mesmo tempo, Restinga não concede espaço, nem em seu coração para Iberê.

Elaine dos Santos

Professora.

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