Suicídio: “Falar é a melhor solução”.

                                                                          Diovana Pereira Figueiredo
                                                                          Psicóloga do CRAS (Centro de referência da assistência social)

Setembro amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo. Esta campanha acontece no mês de setembro, desde 2014, e foi iniciada no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

Nas discussões sobre suicídio, existem vários tabus, que são de origem fundamentalmente religiosa e vêm basicamente das religiões monoteístas. Todas condenam rigorosamente o suicídio, considerando-o um pecado gravíssimo. E é por esse motivo que se construiu uma cultura de que assuntos sobre suicídio devem ser escondidos e evitados.

Atualmente estamos enfrentando uma epidemia silenciosa, pelo número alarmante de casos e pela pouca discussão sobre o problema. As estatísticas apontam que, a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo. No Brasil, a média é de 5,4 mortes a cada 100 mil habitantes, todo ano. Já no Rio Grande do Sul são mil mortes por ano.

Evidencia-se que, a cada pessoa que tenta o suicídio e busca apoio, outras três tentaram e não buscaram. Configura-se, então, um problema de saúde pública, em que cada caso de tentativa ou de definição do ato suicida há o envolvimento de vários indivíduos, entre eles familiares, amigos e até mesmo a sociedade em geral.

A definição do suicídio está na intencionalidade, e quanto maior a gravidade do paciente, maior o risco. As pessoas que apresentam grande risco trazem consigo um contexto de vida que é único, bastante complexo, pois envolve diversos fatores de ordem biológica, filosófica, teológica e sociológica. Pontua-se também que, em mais de 90% dos casos, elas sofrem de algum transtorno psiquiátrico, principalmente a depressão, a bipolaridade, a esquizofrenia, o alcoolismo e outras drogas. Esses transtornos, quando associados a outras comorbidades, aumentam o risco de suicídio. Alguns sintomas também merecem destaque na observância dos casos, como a ansiedade, a impulsividade, a instabilidade das emoções e a desesperança.

Mitos e Verdades sobre o suicídio:

  • O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito de exercitar o seu livre arbítrio. (MITO)
  • As pessoas com ideação suicida estão doentes mentalmente e isso pode alterar de forma radical a sua tomada de decisões. O tratamento eficaz é o pilar mais importante para a prevenção e o desaparecimento da doença. (VERDADE)
  • Quando uma pessoa apresenta ideação suicida, terá risco para o resto da vida. (MITO)
  • A ideação suicida pode ser eficazmente tratada e deixar a pessoa fora de risco. (VERDADE)
  • As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, pois querem apenas chamar a atenção. (MITO)
  • Geralmente os suicidas falam ou dão sinais do seu desejo de morte. (VERDADE)
  • Quando uma pessoa com ideação suicida se apresenta melhor repentinamente, significa que o problema acabou. (MITO)
  • Muitas vezes a pessoa pode se sentir aliviada pelo fato de ter tomado a decisão de suicidar-se, de pôr um fim no seu sofrimento psíquico. (VERDADE)

Prevenção:

  • É de fundamental importância que as pessoas falem abertamente sobre a psicodinâmica que envolve os aspectos do suicídio, tornando possível, através de uma reeducação, um melhor enfrentamento.
  • Diante de um pedido de ajuda, havendo ideação suicida, avisar familiares, profissionais da área de saúde para, em primeiro lugar, preservar a integridade física da pessoa.
  • Procurar unidades básicas de saúde e proteção social básica do município e ser acolhido de forma efetiva, através de uma escuta qualificada com uma abordagem aberta, de aceitação e de não julgamento para facilitar a comunicação.
  • Procurar o CVV, que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias. É só ligar 188.
  • Nunca negligenciar um pedido de ajuda.

 

“O suicídio é um assunto desconfortável, mas ele acontece, então precisamos falar disso. É perigoso não falar… há sempre espaço para ajuda.” (Jay Asher)